Glauco Villas Boas
Glauco Villas Boas (Jandaia do Sul, 10 de março de 1957 — Osasco, 12 de março de 2010) foi um desenhista, cartunista e religioso brasileiro. Ele pertencia à família dos sertanistas Orlando, Claudio e Leonardo Vilas Boas.
Foi premiado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba em 1977, por um júri formado por Jaguar, Millôr Fernandes, Henfil e Angeli, e mais tarde na 2ª Bienal de Humorismo y Gráfica de Cuba.
Em 1984, ao desenvolver sua "autobiografia com exageros", começou a publicar no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo, convidado por Angeli, onde mostrou vários personagens, entre eles Geraldão, criado em 1981 após ler A Erva do Diabo, de Carlos Castaneda. Logo também vieram Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e Zé do Apocalipse.
Fez parte do elenco de redatores da TV Pirata e de alguns quadros do programa infantil TV Colosso, ambos da Rede Globo, para a qual também desenvolveu vinhetas.
Editou a revista Geraldão pela Circo Editorial entre 1987 e 1989 e, nesse período, foi colaborador das revistas Chiclete com Banana e Circo.
Músico, também tocava em bandas de rock. Para o público infantil, leitor do suplemento semanal Folhinha criou o personagem Geraldinho, que é uma versão light (no traço e na temática) do seu personagem Geraldão.
Com um humor ácido, piadas rápidas, traços limpos, "ultrassofisticado no pensamento" e com "um jeito particular, que unia inocência e malícia", Glauco colaborou para a modernização do projeto gráfico e do estilo dos cartoons brasileiros em período coincidente com o do advento de uma geração pós-ditadura.
Os trabalhos do cartunista expressavam "o singelo, uma expressão quase infantil", em resultado que mostrava a valorização do sentido urgente do humor.
A abordagem dos seus trabalhos era o cotidiano e a sua degradação. Problemas conjugais, neurose, solidão, drogas e violência urbana eram retratadas "sempre com graça e compaixão".
O nome de Glauco sempre esteve associado aos de Angeli e Laerte, "a santíssima trindade dos quadrinhos brasileiros", pela afinidade e por trabalharem no mesmo jornal durante 25 anos.
Glauco foi assassinado em Osasco na madrugada de 12 de março de 2010. Seu advogado divulgou à imprensa que o crime ocorrera durante uma tentativa de assalto seguido de sequestro: ele teria negociado com os bandidos, que o levariam e deixaram sua mulher e os dois filhos. Enquanto saíam de casa, um outro filho de Glauco (Raoni, de 25 anos) chegou ao local e tentou dissuadir os assaltantes, que atiraram e mataram pai e filho.
Esta versão foi posteriormente desmentida pela polícia que, após colher depoimentos das testemunhas do crime, chegaram ao nome do universitário Carlos Eduardo Sundfeld Nunes. Armado com uma pistola automática e uma faca, o suspeito teria chegado ao local disposto a levar Glauco e sua família para a casa de sua mãe em São Paulo com o objetivo de afirmar à mulher que ele era Jesus Cristo. Glauco tentou negociar para ir sozinho, e chegou a ser agredido. No momento da discussão, porém, Raoni chegou de carro. Em seguida, Carlos Eduardo atirou contra pai e filho, por motivos ainda não esclarecidos.
O universitário foi detido na Ponte da Amizade na madrugada de 15 de março enquanto tentava fugir para o Paraguai e, confrontado pela polícia, confessou o crime.
Glauco e Raoni foram enterrados no cemitério Gethsêmani Anhanguera, zona norte de São Paulo.
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